No contexto do debate público sobre as declarações da ministra da Educação, o humorista angolano Gilmário Vemba alegou no Facebook que o número de angolanos a residir em Portugal aumentou de 12 mil em 2017 para mais de 55 mil em 2024. Mas será essa estimativa correcta?
A declaração foi feita na sequência de um “apagão” que, a 28 de Abril, afectou diversos serviços essenciais em Portugal, Espanha e noutras regiões da Europa. O incidente gerou comparações entre as falhas no fornecimento de energia eléctrica em Angola e o inesperado colapso energético na Península Ibérica.
Numa publicação na sua conta de Facebook, Gilmário escreveu: “Número de angolanos em Portugal saiu de 12 mil em 2017 para mais de 55 mil em 2024. O apagão faz parte das boas-vindas, para não perdemos um hábito.”
Estes números têm fundamento?
Segundo o Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo de 2017, publicado pelo então Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o número de cidadãos angolanos residentes em Portugal naquele ano era de 16.854 — e não 12 mil, como referido por Vemba. Desses, 9.250 eram mulheres e 7.604 eram homens.
Em Setembro de 2024, a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) – entidade que substituiu o SEF em Outubro de 2023 – publicou o Relatório de Migrações e Asilo 2023. Este documento indica que, no final de 2023, estavam registados 55.589 cidadãos angolanos a residir legalmente em Portugal, dos quais 30.380 são mulheres e 25.209 homens.
Portanto, embora o número avançado por Gilmário para 2024 esteja alinhado com os dados oficiais mais recentes (de 2023), o valor que apontou para 2017 não é correcto.
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Avaliação do Polígrafo África: