José Pedro Kachiungo, político que disputou a presidência da UNITA em 2015 e 2019, apelou recentemente – através dos seus advogados – para que a direcção do partido se disponha ao diálogo. Kachiungo acusou também a UNITA de mentir ao Tribunal Constitucional ao declarar que já tinha restituído os seus direitos como militante, após a suspensão por um período de 24 meses em 2021.
O apelo de Kachiungo foi feito na semana passada, em reacção ao acórdão do Tribunal Constitucional que declarou a inutilidade do processo que moveu contra a UNITA.
Perante as acusações que têm sido feitas a Adalberto Costa Júnior e tendo em conta o impasse, suspeita-se em diferentes segmentos que o diferendo talvez resulte de um problema pessoal entre Kachiungo e o líder da UNITA.
A sugestão, entretanto, é rejeitada pelo secretário provincial da UNITA em Luanda, Adriano Sapiñala. Em entrevista à Rádio Essencial, disse que se Costa Júnior tivesse problemas pessoais com Kachiungo não teria intercedido a favor deste junto dos órgãos do partido para que se revertesse a expulsão em suspensão.
“Em 2021, quando o XIII Congresso tinha sido anulado, uma das decisões que se tinham tomado foi a expulsão do mano Zé Pedro [José Pedro Kachiungo], mas o presidente Adalberto, logo que tomou posse [na sequência da repetição do conclave], pediu a reconsideração da expulsão do mano Zé Pedro. Foi aí que surgiu a suspensão (…), o presidente disse que não devia ser expulso o companheiro, devia-se ver outra medida. Mas hoje não se fala disso, quer-se passar a percepção de que há problemas entre o engenheiro Adalberto e o mano Zé Pedro, mas não. Se há problemas, não é da parte do presidente”, afirmou Sapiñala.
É verdade que Kachiungo já tinha sido expulso da UNITA e foi o líder quem pediu a suspensão dessa pena?
Sim. A Acta N.º01/ORD/CP XIII/2021 da Comissão Política da UNITA, consultada pelo Polígrafo África, refere que na reunião ocorrida logo após a eleição de Adalberto Costa Júnior, a 4 de Dezembro de 2021, o presidente pediu a apreciação da decisão dos delegados ao Congresso, que optaram pela sanção exemplar de Kachiungo e outros.
“O presidente do partido fez recordar aos presentes, que não obstante a vontade última dos delegados ao congresso, a II Reunião Ordinária decidiu impendir sobre os membros Estevão José Pedro Kachiungo, José Eduardo e Altino Jamba Kapango uma suspensão preventiva. Pelo que, e pela unidade e coesão do partido, venho diante dessa reunião interceder, pedido um prazo de 30 dias a contar dessa data, durante o qual os membros acima referidos sejam ouvidos pelo Conselho de Ética e pelo Conselho Nacional de Jurisdição e Auditoria”, reporta-se na Acta em causa.
“Os membros da Comissão Política (constitutiva) anuíram o pedido do presidente do partido“, conclui-se no documento.
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Avaliação do Polígrafo África: