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Pobreza extrema aumentou na Guiné-Bissau como garantiu a ex-ministra da Justiça?

Política
O que está em causa?
Carmelita Pires, ex-ministra da Justiça da Guiné-Bissau, fez, através de seu perfil de Facebook, um ‘Raio X’ sobre o seu país, tendo, entre outras observações, referido que a pobreza está a crescer exponencialmente. Mas será isso verdade?

“Neste país, temos algumas certezas: há corrupção efectiva e efectivada ao alto nível como sistema, subserviência total do judicial e judiciário, impunidade extrema da criminalidade identificada. Mas ainda temos mais certezas num país de inexistência de estatísticas: a pobreza extrema aumentou exponencialmente”, escreveu no seu perfil de Facebook a antiga ministra da Justiça da Guiné-Bissau, Carmelita Pires, num texto extenso em que apresentou um panorama geral sobre o seu país.

Entre outras perspectivas, Carmelita Pires lamentou o alegado facto de na Guiné-Bissau a saúde ser um verdadeiro “salve-se quem puder”, e a escola ser um “Deus nos acuda”, além de o país, de acordo com a sua análise, estar refém daquilo a que chamou de “manobras dilatórias” em “prejuízo do Estado de direito e da democracia republicana institucionalizada há cinco décadas”.

Mas será verdade que a pobreza está a aumentar na Guiné-Bissau?

Dados oficiais publicados em relatório denominado Revisão Nacional Voluntaria sobre os progressos e desafios na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, apresentados pela Organização das Nações Unidas (ONU), pela primeira vez em Junho de 2022, indicam que a pobreza abrangia 66,6% da população bissau-guineense, facto que colocou o país entre as nações mais pobres do Planeta.

Entretanto, comparados com os que se registavam no início do século, os dados denotam, por um lado, um aumento da pobreza, mas também uma redução da mesma, tendo em conta as oscilações que se foram registando. Por exemplo, de acordo com este inquérito do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2002, a pobreza na Guiné-Bissau atingiu 64,7% dos habitantes, tendo em 2010 alargado sua esfera para 69,3% da população.

No momento, os dados do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – , publicados em Março deste ano, apontam que a pobreza atinge 64% dos bissau-guineenses.

Portanto, embora seja verdade que os índices de pobreza na Guiné-Bissau têm vindo a ser consistentemente elevados, também é um facto que ao longo do tempo têm oscilado, aumentando e diminuindo alternadamente. Por esse motivo atribuímos às declarações de Carmelita Pires a avaliação de “Verdadeiro, mas…”.

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Avaliação do Polígrafo África:

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