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Polícia moçambicana enviou ofício interno para fazer levantamento das suas baixas nos protestos?

Sociedade
O que está em causa?
As manifestações que contestam os resultados eleitorais em Moçambique ocorrem desde final de Outubro, com um número de vítimas crescente entre quem protesta mas também na Polícia. Uma conta no Facebook apresenta a imagem de um ofício daquela força de segurança e garante: “Prova inequívoca que a PRM também está a sofrer baixas, resultante das manifestações Pois eleitoral”. Verificação de factos.

Aos Comandos Provinciais

Assunto: Solicitação de dados

Para os devidos efeitos, em cumprimento de orientações emanadas superiormente, a Direção de Logística e Finanças do Comando-Geral de PRM, vem por meio desta solicitar à V.Excia. relação nominal dos membros da PRM, categoria, afectação e danos resultantes das manifestações  pós-eleitorais no mês de Novembro do ano corrente.

Urgente.

Este é o texto do documento reproduzido numa publicação do Facebook em fac-simile, datado de 13 de Novembro, com a chancela do Comando Geral da Polícia – Direcção de Logística e Finanças e assinado pelo seu Director Miquichone Afonso (também comandante da Polícia na província de Maputo).

Do carimbo às anotações manuscritas apostas nos cantos superiores esquerdo e direito do ofício, todos os indicadores vão no sentido da sua autenticidade.

Desde que os protestos aos resultados apurados das eleições gerais de 9 de Outubro começaram, já se registaram mais de 90 mortes, várias centenas de feridos (diversos por baleamento) e detenções na casa dos quatro dígitos.

Destes confrontos, também resultaram vários polícias feridos e até um agente morto. A informação foi veiculada, pelo menos, em dois momentos diferentes pelo próprio Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM).

Numa primeira ocasião, a 28 de Outubro, através do Porta-Voz da PRM, Orlando Mudumane, que garantiu que, no contexto das manifestações, 21 polícias tinham sofrido mazelas físicas e um outro tinha, inclusive, morrido.

Na segunda vez, em 31 de Outubro, quando o Comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, afirmou em conferência de imprensa que 36 polícias tinham sofrido ferimentos, estando até alguns impossibilitados de continuar a trabalhar na corporação.

Assim, é verdadeiro que a PRM está a fazer um levantamento das suas próprias baixas durante os diferentes tipos de protesto aos resultados divulgados das eleições gerais (em especial das presidenciais), tendo para tal solicitado a cada comando provincial daquela força de segurança um reporte individual sobre cada agente ferido (nome, categoria e lesões).

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Avaliação do Polígrafo África:

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