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Populares em Moçambique reagem com protestos aos resultados da CNE que dão vitória de mais de 70% a Daniel Chapo

Política
O que está em causa?
Agitação política continua em Moçambique, através dos protestos de rua que se registam em diferentes localidades, face aos resultados eleitorais anunciados ontem pela CNE.

Um número considerável de moçambicanos voltou a sair à rua nesta sexta-feira, 25 de Outubro, para protestar contra os resultados anunciados ontem pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) que, na perspectiva dos manifestantes, não reflecte a vontade da maioria da população.

Essa percepção de muitos moçambicanos é reforçada com o facto de Venâncio Mondlane, o candidato presidencial apoiado pelo Podemos, tornar públicas as actas eleitorais que apontam para a sua vitória, ao passo que a CNE opta por não afixar as actas.

De referir que os protestos de rua em Moçambique estão a ser realizados desde o início da semana, primeiro em reacção aos assassinatos de Elvino Dias, assessor jurídico de Venâncio Mondlane, e de Paulo Guambe, mandatário eleitoral do partido Podemos.

Ambas as mortes, tendo em conta o papel das duas figuras no processo eleitoral conturbado, estão a ser entendidas como tendo sido patrocinadas por responsáveis políticos ligados à Frelimo. Essa ideia cresce entre a população face ao silêncio que se regista no seio da Frelimo, assim como a reacção da Polícia da República de Moçambique.

Entretanto, a tensão entre a população e as autoridades atingiu outra dimensão com o resultado eleitoral anunciado pela CNE, que atribui 70,67% dos votos a Daniel Chapo, candidato da Frelimo. O candidato Venâncio Mondlane ficou com 20,32%, Ossufo Momade com 5,81% e Lutero Simango com 3,21%.

Muitos jovens voltaram juntar-se hoje a Venâncio Mondlane, nas ruas do país, sobretudo na capital, que se transformou quase num campo de batalha.

Em algumas localidades, os jovens estão a responder às investidas da polícia que já efectuou mais de 300 detenções.

“Foram detidos 371 indivíduos e lavrados 44 processos-crime e remetidos ao Ministério Público para posteriores trâmites legais”, disse o porta-voz da PRM, Orlando Mudumane, quando apresentava o balanço das acções da polícia relativo aos últimos dias de protestos.

De momento, não há uma previsibilidade de resolução da presente instabilidade que tomou Moçambique. Na perspectiva de diferentes observadores, a situação de crise deverá prolongar-se nos próximos meses.

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