Um número considerável de moçambicanos voltou a sair à rua nesta sexta-feira, 25 de Outubro, para protestar contra os resultados anunciados ontem pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) que, na perspectiva dos manifestantes, não reflecte a vontade da maioria da população.
Essa percepção de muitos moçambicanos é reforçada com o facto de Venâncio Mondlane, o candidato presidencial apoiado pelo Podemos, tornar públicas as actas eleitorais que apontam para a sua vitória, ao passo que a CNE opta por não afixar as actas.
De referir que os protestos de rua em Moçambique estão a ser realizados desde o início da semana, primeiro em reacção aos assassinatos de Elvino Dias, assessor jurídico de Venâncio Mondlane, e de Paulo Guambe, mandatário eleitoral do partido Podemos.
Ambas as mortes, tendo em conta o papel das duas figuras no processo eleitoral conturbado, estão a ser entendidas como tendo sido patrocinadas por responsáveis políticos ligados à Frelimo. Essa ideia cresce entre a população face ao silêncio que se regista no seio da Frelimo, assim como a reacção da Polícia da República de Moçambique.
Entretanto, a tensão entre a população e as autoridades atingiu outra dimensão com o resultado eleitoral anunciado pela CNE, que atribui 70,67% dos votos a Daniel Chapo, candidato da Frelimo. O candidato Venâncio Mondlane ficou com 20,32%, Ossufo Momade com 5,81% e Lutero Simango com 3,21%.
Muitos jovens voltaram juntar-se hoje a Venâncio Mondlane, nas ruas do país, sobretudo na capital, que se transformou quase num campo de batalha.
Em algumas localidades, os jovens estão a responder às investidas da polícia que já efectuou mais de 300 detenções.
“Foram detidos 371 indivíduos e lavrados 44 processos-crime e remetidos ao Ministério Público para posteriores trâmites legais”, disse o porta-voz da PRM, Orlando Mudumane, quando apresentava o balanço das acções da polícia relativo aos últimos dias de protestos.
De momento, não há uma previsibilidade de resolução da presente instabilidade que tomou Moçambique. Na perspectiva de diferentes observadores, a situação de crise deverá prolongar-se nos próximos meses.