“Departamento de Estado norte-americano afirma que o poder não se força e concede 48 horas para o regime de Filipe Nyusi renunciar ao poder, sob pena de sanções”, anuncia-se numa imagem que está a circular nas redes sociais e foi até partilhada no Facebook por um deputado angolano, Monteiro Eliseu, da UNITA.
Esta “notícia” tem algum fundamento?
No início de de Novembro, a par de representações diplomáticas de outros países ocidentais em Moçambique, os EUA apelaram à contenção por parte de todos os envolvidos na crise política em Moçambique, na sequência dos resultados eleitorais que desencadearam uma vaga de protestos em muitas cidades do país.
Mais recentemente, através de uma nota emitida no dia 23 de Dezembro, o Departamento de Estado dos EUA expressou preocupação com o anúncio de validação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional de Moçambique.
Contudo, o facto é que o Departamento de Estado dos EUA não “afirma que o poder não se força”, nem “concede 48 horas para o regime de Filipe Nyusi renunciar ao poder, sob pena de sanções”. Essa alegação é completamente inventada.
Na referida nota, o Departamento de Estado aponta para a necessidade do fim da violência contra os manifestantes, a busca por um processo eleitoral transparente e pela verdade eleitoral.
“Os EUA estão preocupados (…). Organizações da sociedade civil, partidos políticos, meios de comunicação social e observadores internacionais, incluindo os dos EUA, citaram irregularidades significativas no processo de apuramento, bem como preocupações com a falta de transparência durante todo o período eleitoral. Os EUA apelam a todas as partes interessadas para que se abstenham de violência e se envolvam numa colaboração significativa para restaurar a paz e promover a unidade“, lê-se na nota.
“Os responsáveis pelas violações dos direitos humanos, incluindo o assassinato de manifestantes e de dirigentes partidários e o uso excessivo da força pelas forças de segurança, devem ser responsabilizados. Os moçambicanos merecem eleições livres de violência e que reflictam a vontade do povo”, conclui.
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Avaliação do Polígrafo África: