Em 2016, o Governo de Angola publicou um decreto que proibia a importação de cimento, justificando a medida com a alegada capacidade interna para suprir as necessidades do mercado nacional. No entanto, o mesmo decreto permitia, de forma excepcional, que apenas três províncias – Cabinda, Cunene e Cuando Cubango – pudessem importar cimento, desde que submetessem pedidos devidamente fundamentados. Nessas províncias foi estabelecida uma quota máxima de importação individual de 150 mil toneladas.
A crise económica e financeira que afectou o país entre 2014 e 2019 teve um impacto significativo na indústria cimenteira nacional, levando à redução dos investimentos no sector. Durante este período, as vendas de cimento caíram drasticamente: de 5,6 milhões de toneladas em 2014 para 2,4 milhões em finais de 2019, o que representa uma queda de cerca de 60%.
Volvidos nove anos desde a implementação da medida que restringiu as importações, as comparações com os preços praticados em anos anteriores começaram a ganhar visibilidade nas redes sociais. Por exemplo, numa publicação recente no Facebook, um utilizador afirma: “Em 2016, o saco de cimento de 50 kg custava 900 kwanzas e, em 2025, disparou para 7.500 kwanzas.”
Confirma-se este aumento do preço de venda de cimento em Angola?
A resposta é sim. O preço do saco de cimento de 50 quilogramas, que se mantinha na ordem dos 900 kwanzas em 2016, sofreu um aumento contínuo ao longo dos últimos anos.
Para conferir os preços, estivemos em diversos pontos de venda na cidade de Luanda, no dia 13 de Maio de 2025, verificando que o saco de cimento de 50 quilogramas estava a ser comercializado entre 6.500 e 7.500 kwanzas.
Comparando com os preços de 2016, os consumidores angolanos estão hoje a pagar entre sete a oito vezes mais por um saco de cimento. Importa ainda referir que, em algumas regiões do país, o preço é ainda mais elevado. Por exemplo, em Outubro de 2024, o mesmo saco de cimento chegou a custar 10 mil kwanzas na província de Cabinda e 8.500 kwanzas em Mbanza Kongo, província do Zaire.
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Avaliação do Polígrafo África: