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Presidência do MPLA confirma audiência com Higino Carneiro, mas rejeita ter validado sua candidatura

Política
O que está em causa?
O Presidente da República e líder do MPLA, João Lourenço, confirmou, na segunda-feira, 9 de Junho, ter recebido Higino Carneiro em audiência na sede do partido, na presença de membros do Bureau Político. Contudo, afastou a ideia de que tenha dado luz verde à sua eventual candidatura à presidência da República por via da formação política dos camaradas.
© Agência Lusa / Ampe Rogério

“Não fiz reunião com ninguém; concedi uma audiência [a Higino Carneiro]. E aqueles que julgam saber tudo, até o que se passa para além das paredes, deviam saber que, nessa audiência, havia testemunhas. No entanto, omitem isso. Estavam três membros do Bureau Político [do MPLA] que assistiram a essa audiência. Por que não falam disso, por que não falam a verdade?”, questionou o Chefe de Estado, numa entrevista de pouco mais de uma hora concedida à Televisão Pública de Angola (TPA).

João Lourenço sublinhou que, neste momento, o MPLA não apoia qualquer militante na corrida ao cargo de Presidente da República, referindo-se às próximas eleições gerais, previstas para 2027.

“Eu, enquanto presidente do partido, e o próprio MPLA, neste momento, não apoiam ninguém. Absolutamente ninguém”, assegurou o presidente do MPLA, sublinhando que o seu partido tem as suas “regras e é muito maduro”.

No domínio da política interna, João Lourenço acusou a oposição de sabotar iniciativas do Governo que visam beneficiar a população. Defendeu que a oposição não pode criar tensão política e, depois, procurar resolvê-la com uma simples audiência no Palácio Presidencial, como se isso bastasse para apaziguar os ânimos — voltando, no dia seguinte, a alimentar o mesmo clima de instabilidade.

Recuperação de activos: balanço positivo, mas com críticas ao exterior

Entre os diversos assuntos abordados na entrevista, o Presidente da República fez um balanço positivo do programa de recuperação de activos, embora tenha manifestado frustração com alguns Estados que têm colocado entraves no cumprimento de ordens judiciais emanadas pelos tribunais angolanos, relativas à devolução de fundos ilicitamente retirados do país.

“A justiça, bem ou mal, tem estado à altura deste combate. Mas, infelizmente, em termos de recuperação de activos que estão no exterior, sobretudo com relação a esses, nem sempre temos sido bem-sucedidos, porque, paradoxalmente, os mesmos que nos encorajam a lutar contra a corrupção, quando os nossos tribunais julgam e condenam alguém, e determinam que os bens desse alguém — que estejam dentro ou fora do país — devem reverter a favor do Estado, essas entidades acabam por arranjar subterfúgios” para impedir a devolução desses activos “que pertencem ao povo angolano”, denunciou João Lourenço.

 

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