O primeiro jornal lusófono
de Fact-Checking

Presidente da CASA-CE descartou aproximação à FPU nas eleições de 2022?

Política
O que está em causa?
Tem-se verificado uma reaproximação entre a coligação CASA-CE e a UNITA, algo que não passou despercebido nas redes sociais. No WhatsApp, por exemplo, recorda-se que o líder da coligação, Manuel Fernandes, terá descartado qualquer hipótese de aliança com a UNITA no quadro da Frente Patriótica Unida (FPU) para as eleições gerais de 2022. Verdadeiro ou falso?

“Após a vaidade levá-lo a uma derrota eleitoral humilhante, manchando o seu curriculum vitae, Manuel Fernandes aproveita o momento de desespero da UNITA com a saída do PRA-JA da FPU — e a provável saída do BD — para que ele e os seus companheiros sejam aceites e integrem as listas de deputados da UNITA nas eleições de 2027″, lê-se numa das mensagens partilhadas em grupos de WhatsApp, cujo autor sublinha estar a assistir a um “alinhamento estranho” entre o líder da CASA-CE e a UNITA.

Esta narrativa surge em reacção às recentes posições assumidas por Manuel Fernandes, economista, que têm convergido com as da UNITA. Em Maio deste ano, por exemplo, o presidente da CASA-CE participou, em representação da coligação, numa reunião promovida pela UNITA — e que contou com a presença de representantes do Bloco Democrático, PRS, FNLA e PDP-ANA — destinada à concertação de posições políticas e à recolha de contribuições sobre a revisão do Pacote Legislativo Eleitoral, actualmente em discussão na Assembleia Nacional.

Já no início deste mês, Manuel Fernandes — igualmente presidente do PALMA, partido que integra a CASA-CE — defendeu a “união dos partidos da oposição para a criação de uma frente capaz de fazer frente ao partido no poder”, numa formulação que converge com o conceito da Frente Patriótica Unida, idealizado pela UNITA.

Mas terá Manuel Fernandes realmente descartado uma aproximação à FPU nas eleições de 2022?

Os factos indicam que sim. A Frente Patriótica Unida (FPU), plataforma política informal lançada pela UNITA em 2021, resultou de uma aliança com o PRA-JA Servir Angola e o Bloco Democrático. Naquele ano, Manuel Fernandes, recém-eleito presidente da CASA-CE, classificou publicamente dissolver a CASA-CE e integrar os seus actores à FPU como uma “aventura política“, numa entrevista concedida à TV Zimbo.

Em Dezembro do mesmo ano, numa altura em que a FPU apelava à união das forças da oposição, Manuel Fernandes afirmou não ter recebido qualquer convite formal para integrar a plataforma. Contudo, aproveitou a ocasião para esclarecer que a adesão à FPU “não estava nos planos da CASA-CE”.

O desfecho das eleições de 24 de Agosto de 2022 traduziu-se na perda total de representação parlamentar da coligação, que viu evaporarem-se os 16 deputados conquistados em 2017, quando era liderada por Abel Chivukuvuku. Com a perda dos mandatos, a CASA-CE perdeu também o acesso ao Orçamento Geral do Estado — principal fonte de financiamento de muitas organizações políticas em Angola — tendo sido forçada a devolver o emblemático edifício onde funcionava a sua sede nacional. A situação levou ainda ao despedimento dos funcionários afectos à presidência e ao secretariado da coligação.

_____________________________________

Avaliação do Polígrafo África:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Em destaque