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Primeira-Dama de Moçambique impedida pela população de inaugurar salas de aulas em Maputo?

Política
O que está em causa?
"Porque a população alega que a construção das devidas salas de aulas foi contribuição dos encarregados de educação", alega-se nas redes sociais.

“Isaura Ferrão Nyusi foi impedida de fazer uma inauguração de três salas de aulas, na Escola Primária Completa de 1.º e 2.º graus de Zinthava em Marracuene, bairro do Zinthava, pela população local, no dia 30 de Dezembro, porque a população alega que a construção das devidas salas de aulas foi contribuição dos encarregados de educação”, destaca-se numa publicação de 2 de Janeiro no Facebook, enviada ao Polígrafo África para verificação de factos.

No mesmo texto, sobre uma imagem da Primeira-Dama de Moçambique, conclui-se ainda que “todo o protocolo e o director da mesma escola tiveram de sair“.

Na respectiva caixa de comentários, vários intervenientes expressaram a sua satisfação perante o sucedido. Alguns sugeriram mesmo acções mais contundentes contra a esposa do ainda Chefe de Estado, Filipe Nyusi, prestes a ser sucedido por Daniel Chapo.

É verdade que Isaura Ferrão Nyusi foi impedida por populares de inaugurar salas de aulas em Maputo?

Sim. A inauguração de duas salas de aulas (e não três como se alega nas redes sociais) estava inicialmente prevista para o dia 30 de Dezembro de 2024, mas acabou por não se concretizar. Muitos cidadãos acorreram ao local em protesto.

Entretanto, na manhã de 6 de Janeiro, a Primeira-Dama lançou uma publicação na rede social no Facebook, informando que “não obstante a ocorrência da situação de intranquilidade em alguns pontos do país”, procedeu à “entrega das chaves” das salas de aulas “à Direção da Escola Primária do Primeiro e Segundo Graus de Zintava”.

Ou seja, a Primeira-Dama não inaugurou formalmente as salas de aulas, como estava programado. Apenas deu as chaves aos responsáveis da circunscrição.

“As novas salas de aulas irão beneficiar cerca de 300 alunos e vão contribuir directamente na melhoria das condições de ensino, permitindo que mais crianças tenham acesso a um ambiente de aprendizagem digno, seguro e motivador. É neste contexto que reiteramos os nossos agradecimentos ao Banco UBA que se juntou ao Gabinete da Primeira-dama, o qual dirijo”, escreveu Isaura Ferrão Nyusi.

Por sua vez, o vice-ministro da Educação e Desenvolvimento Humano, Manuel Banzo, que testemunhou o acto, sublinhou que a acção visa contribuir para o melhoramento do processo de ensino e aprendizagem.

Contudo, os cidadãos não esperaram que um ou outro governante inaugurasse as salas, e, por conta e risco, em conjunto, tomaram a iniciativa de eles próprios inaugurarem a infraestrutura enquanto gritavam pelo nome de Venâncio Mondlane, candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais.

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Avaliação do Polígrafo África:

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