De acordo com o relatório, a taxa de inflação média desceu para 1%, refletindo sobretudo a queda dos preços dos produtos energéticos e alimentares nos mercados internacionais.
No que respeita às contas externas, a balança corrente apresentou um excedente de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB), impulsionado pelas exportações turísticas, reexportações de combustíveis e víveres através dos portos e aeroportos nacionais, e pelas remessas dos emigrantes. A contribuir para este desempenho esteve também o abrandamento das importações de bens e serviços.
“Este desempenho mais do que compensou a fraca performance da balança financeira e permitiu um aumento do stock das reservas externas líquidas do país, suficientes para cobrir 6,5 meses de importações estimadas para 2024 (face a 6,2 meses em 2023)”, destaca o relatório.
No sector monetário, o crédito à economia aumentou 5,6%, “reflectindo a dinâmica da actividade económica, o aumento dos rendimentos reais das famílias, bem como critérios de concessão de crédito menos restritivos por parte dos bancos, tanto para empresas como para particulares”.
Apesar do crescimento sólido registado, o BCV aponta para um abrandamento nos próximos anos, num contexto internacional marcado por elevada incerteza, sobretudo nos Estados Unidos da América e na Zona Euro. As previsões actualizadas apontam para uma revisão em baixa do crescimento económico.
“Assim, o PIB em volume deverá crescer cerca de 5,5% em 2025 e 5,0% em 2026, reflectindo sobretudo a desaceleração das exportações de serviços turísticos e o aumento das importações. O principal motor do crescimento continuará a ser o consumo privado, enquanto o investimento, ainda que com uma ligeira recuperação, deverá manter um contributo modesto”, assinala o relatório.
Quanto à inflação, as previsões para a taxa média foram revistas em alta para 1,8% em 2025 e 1,4% em 2026, ainda assim abaixo da fasquia dos 2%. “A revisão incorpora dados mais recentes, que evidenciam um aumento de preços acima do esperado, sobretudo nos alimentos e bebidas nos mercados internacionais, além de alguma volatilidade nos preços energéticos, influenciada por factores geopolíticos e por pressões internas relacionadas com os preços de alguns serviços.”
As contas externas deverão evoluir de forma menos favorável, com o saldo da balança corrente a recuar para 2,9% do PIB em 2025 e 2,6% em 2026. Esta deterioração reflecte a esperada moderação nas receitas do turismo, dos transportes aéreos e das remessas, em linha com o abrandamento económico dos principais parceiros externos, bem como o aumento previsto das importações.
“Ainda assim, o saldo da balança corrente deverá manter-se positivo, permitindo ganhos em activos de reserva e assegurando uma cobertura das importações equivalente a 6,3 meses em 2025 e 6 meses em 2026”, conclui o relatório.