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Reino Unido aperta cerco a Isabel dos Santos com congelamento de bens e proibição de acesso ao país

Política
O que está em causa?
Empresária e primogénita do antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, enfrenta um mandado de captura internacional. Além de ver seus activos escaparem-se entre os dedos, face às investidas do sucessor do seu pai no poder em Angola, está agora proibida de entrar no Reino Unido, onde fixou residência para os filhos. Entretanto, Isabel dos Santos já reagiu em comunicado, alegando, entre outros detalhes, que "a decisão é incorrecta e injustificada".

O Governo britânico anunciou no início da tarde desta quinta-feira, 21 de Novembro, o congelamento dos bens da empresária angolana Isabel dos Santos, ao abrigo do regime global de sanções anti-corrupção.

O anúncio foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros daquele país europeu, David Lammy, tendo juntado o nome de Isabel dos Santos à lista de oligarcas ucranianos como Dmytro Firtach e Aivars Lembergs, sancionados por alegadamente “roubarem riqueza do seu país para benefício pessoal”.

“Estes indivíduos sem escrúpulos estão a privar egoisticamente os seus concidadãos de fundos vitais para a educação, a saúde e infraestruturas, em prol do seu próprio enriquecimento pessoal”, afirmou David Lammy, para quem a “era dourada do branqueamento de capitais acabou”.

Além de ter os bens congelados, a primogénita do antigo Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos (falecido em 2022), foi proibida de entrar no Reino Unido, país em que fixou residência para os seus filhos, na maioria menores.

Actualmente a residir no Dubai, Emirados Árabes Unidos, Isabel dos Santos tem à perna, desde 2022, um mandado de captura internacional, mas tem sublinhado constantemente que a sua morada não está oculta das autoridades.

De referir que no âmbito do combate à corrupção e recuperação de activos angolanos tidos como desviados por políticos e/ou empresários, o Presidente João Lourenço tem elogiado a cooperação do Reino Unido.

“No que diz respeito à recuperação de activos, tivemos dois casos de sucesso, em que contámos com a atitude bastante responsável e de respeito à nossa soberania por parte das autoridades do Reino Unido, que devolveram a Angola 2,5 mil milhões de dólares americanos, que estavam num Banco em Londres, sendo justo reconhecê-lo publicamente a partir desta tribuna mundial”, afirmou João Lourenço, durante o seu discurso proferido na 79.ª Sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Setembro deste ano.

Mas para Isabel dos Santos, que desde que João Lourenço substituiu ao seu pai na Presidência da República tem ficado mais pobre financeiramente, tudo não passa de perseguição política. Em 2021 chegou mesmo a contratar os serviços de uma agência de inteligência privada, conhecida como “Black Cube”, para fornecer evidências em apoio à sua afirmação.

A “Black Cube” terá, de acordo com Isabel dos Santos, registado gravações secretas em que alguns altos quadros do Governo e/ou de empresas governamentais angolanas foram alegadamente ouvidos a engendrar estratégias sobre como utilizar a justiça e os serviços de inteligência para a prejudicar.

Entretanto, ao final da tarde de hoje, Isabel dos Santos emitiu um comunicado alegando que a decisão das autoridades britânicas “é incorrecta e injustificada”, tendo em conta que “não foi dada a oportunidade de me defender destas alegações”.

A então mulher mais rica de África garante, em nota, que não se apropriou indevidamente de qualquer dinheiro da Sonangol e também não se apropriou indevidamente de fundos da operadora telefónica Unitel. “Nenhum tribunal me condenou culpada de corrupção ou suborno. Estamos perante mais um passo na campanha de perseguição politicamente motivada de Angola contra mim e a minha família”, alega.

Finalmente, Isabel dos Santos afirma que tenciona recorrer e espera que o Reino Unido lhe dê a oportunidade de apresentar as suas “provas” e assim “provar estas mentiras fabricadas contra mim pelo regime angolano”.

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