“Enganem-se os que pensam que Donald Trump é louco ou outro adjectivo qualquer. Assinou no dia 17 [de Fevereiro], um decreto em três dimensões, visando os mais altos dirigentes do continente africano. Assim:
a) – Serão bloqueados os bens móveis (aviões privados) e móveis, adquiridos nos Estados Unidos da América, por presidentes e ministros;
b) – Proibição dos filhos de presidentes e ministros de frequentar escolas nos EUA;
c) – Proibição de chefes de Estado, ministros e seus parentes se beneficiarem de cuidados médicos nos EUA.
Segundo Trump, essas medidas visam lutar contra os dirigentes africanos corruptos e obrigá-los a criarem melhores condições nos sectores do ensino e da saúde nos seus respectivos países.”
Este é o conteúdo essencial de uma de várias publicações no Facebook que apontam para um embargo aos “dirigentes africanos corruptos” decretado por Donald Trump.
Desde que o novo Presidente dos Estados Unidos tomou posse, a 20 de Janeiro, não foi publicada qualquer notícia sobre o que é alegado na publicação aqui verificada. A informação mais relevante de actos legislativos de Trump que envolvam directamente algum país africano é a referente ao cancelamento de todos apoios da administração norte-americana à África do Sul, concretizado a 7 de Fevereiro, num documento cujo título é “Abordagem às Acções Irresponsáveis da República da África do Sul”.
Ainda assim, e devido à intensa actividade legislativa que tem caracterizado os quase 50 dias que leva o mandato de Trump, o Polígrafo África consultou a página oficial da Casa Branca, em particular as “Presidential Actions” (“Acções Presidenciais”), que incluem as ordens executivas e outros instrumentos ao alcance do presidente norte-americano.
Até ao dia 2 de Março, Donald Trump tinha lavrado 129 acções presidenciais (68 delas na primeira semana), mas nenhuma fixa algum bloqueio dos bens de chefes de Estado africanos ou restrição do seu acesso aos serviços de saúde e educação nos Estados Unidos.
A 17 de Fevereiro, o dia apontado por este post como sendo o da publicação da ordem executiva visando os “dirigentes corruptos” africanos, está registada uma única acção presidencial: uma proclamação (ou comunicação) sobre o aniversário do fundador da nação, George Washington.
É assim falso este conteúdo partilhado, também replicado em várias contas do Facebook.
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Avaliação do Polígrafo África: