A caravana, escoltada por agentes da Polícia Nacional, foi emboscada à entrada da vila. De acordo com relatos, os agressores utilizaram diversos objectos contundentes, incluindo armas brancas. Um dos indivíduos capturados — não pelas forças policiais, mas por militantes da UNITA — transportava uma pasta contendo “drogas e medicamentos tradicionais”, segundo informou a vice-presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, Navita Ngolo, num vídeo publicado no seu perfil do Facebook.
O deputado Alcino Kuvalela, antigo secretário provincial da UNITA no Huambo, declarou ao Polígrafo África que a comitiva enfrentou vários obstáculos para aceder à Galanga. “Em diversos pontos de acesso foram colocadas correntes e madeiras com pregos, que a polícia foi removendo ao longo do percurso. A ponte sobre o rio Chiova foi danificada, tendo sido necessário colocar pedras para que pudéssemos atravessar e chegar ao destino”, relatou o parlamentar, lamentando que a administração municipal tenha permitido a destruição de infra-estruturas públicas com o objectivo de impedir a entrada dos deputados da UNITA na vila.
Até ao momento, o MPLA mantém-se em silêncio sobre os acontecimentos.
O episódio desta quarta-feira segue-se a um primeiro incidente registado a 31 de Maio, também no Huambo, quando Apolo Yakuvela — igualmente secretário provincial da UNITA naquela província — e um grupo de militantes foram alvo de uma emboscada na vila da Ganda. A imagem do deputado com a camisa cinzenta ensanguentada tornou-se viral nas redes sociais.
Na altura, a administração local e dirigentes do MPLA negaram qualquer envolvimento, atribuindo os actos de violência à revolta de populações que, segundo alegaram, terão sofrido às mãos da UNITA durante o conflito armado que dividiu o país.
O ataque mais recente foi amplamente condenado por diversas entidades, incluindo a Comissão Política da UNITA e a presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, que apelou aos “órgãos competentes” para que tomem “as medidas necessárias para o esclarecimento e responsabilização dos autores”.
Enquanto figuras públicas e instituições do Estado reagiram com cautela, o ambiente nas redes sociais tornou-se mais tenso, com a circulação de mensagens ameaçadoras entre militantes dos dois maiores partidos. Numa das publicações mais partilhadas no Facebook, um alegado militante do MPLA foi identificado como um dos responsáveis pelo ataque, sendo posteriormente sugerida — embora a mensagem tenha sido apagada — “uma visita” à sua residência, com insinuações de represálias à família.
Noutras publicações, multiplicaram-se ameaças graves dirigidas a jovens de ambos os lados do espectro político. Um utilizador chegou a afirmar que um jovem seria “pendurado no Palácio” caso se repetissem actos semelhantes. Em resposta, outro — identificado como militante do MPLA — prometeu que o “tio”, numa alusão a Apolo Yakuvela, “vai ser popolado de novo”, expressão vaga, mas de conotação violenta.