A UNITA, face ao conflito militar que opõe a República Democrática do Congo (RDC) ao Ruanda e ao grupo rebelde M23, adverte o Presidente João Lourenço no sentido de que, na eventualidade de ser necessário o envio de um contingente militar angolano ao país vizinho, o faça nos termos da Constituição da República.
A advertência directa ao também Titular do Poder Executivo angolano consta de um comunicado do Comité Permanente da UNITA, que se reuniu extraordinariamente na noite de quinta-feira, 29.
Entre outras nuances, o “galo negro” exorta a Organização das Nações Unidas (ONU), a União Africana (UA) e a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos a trabalharem no sentido de restabelecer a paz na região, bem como a darem respostas ao drama humanitário.
Já em relação aos últimos acontecimentos a nível doméstico, a UNITA acusa o Governo/MPLA de recorrer à invenção de “golpes de Estado” para se perpetuar no poder.
“Recordar aos angolanos que, para atingir os seus objectivos, o regime angolano habituou-nos à invenção de cenários de golpes de Estado, como por exemplo: o 27 de Maio de 1977, que teve como consequência a morte de dezenas de milhares de cidadãos angolanos; os massacres de 1992 e a sexta-feira sangrenta de 1993, também com a morte de outros milhares de angolanos; a prisão do então chefe dos serviços de informação externa, em 2007; as centenas de mortes ocorridas no Monte Sumi, contra uma seita religiosa; a não ida à Assembleia Nacional do então Presidente da República, em 2015; e o caso dos quinze mais duas (15+2)”, lê-se no comunicado a que o Polígrafo África teve acesso.
Em nota, o partido liderado por Adalberto Costa Júnior aproveita também a ocasião para denunciar aquilo a que chama de “censura instalada no seio dos órgãos de comunicação social do Estado e nos jornalistas que neles trabalham“, e, visando contrariar essa situação, exige que as actividades das forças políticas da oposição e as opiniões dos seus líderes passem a fazer parte da pauta informativa.
De referir que essas denúncias e críticas da UNITA surgem numa altura em que o Serviço de Investigação Criminal (SIC) afirmou ter desmantelado um grupo composto exclusivamente por angolanos, que havia engendrado um plano para explodir a Presidência da República, a Refinaria de Luanda, bem como a Embaixada dos Estados Unidos.
De acordo com o auto de instrução a que o Polígrafo África teve acesso, alguns elementos do grupo tiveram contacto com altos quadros da UNITA, em especial o líder do seu Grupo Parlamentar, Liberty Chiyaka.