O envolvimento da UNITA no impasse entre as autoridades angolanas e a FLEC – esta última apoiada pelas Forças Armadas de Cabinda (FAC), a sua ala militarizada – ganhou maior notoriedade após a realização das XII Jornadas Parlamentares da UNITA, que decorreram na província de Cabinda entre os dias 25 e 30 de Março.
Durante o evento, a UNITA reafirmou uma promessa eleitoral feita em 2022, garantindo que remeteria à Assembleia Nacional, nos dias seguintes, um projecto de resolução a exigir o fim imediato do conflito militar em Cabinda. Paralelamente, anunciou a elaboração de uma proposta de lei para atribuir autonomia administrativa e financeira àquela província.
Em comunicado emitido como reacção às iniciativas da UNITA, a FLEC – que reivindica a independência do território situado no extremo norte de Angola – acusou o partido liderado por Adalberto Costa Júnior de estar em conluio com o MPLA e o Governo, alegando tratar-se de uma manobra para “ludibriar o povo de Cabinda”.
Contudo, semanas depois, a FLEC recuou nas suas posições e declarou um cessar-fogo unilateral, cuja divulgação pela RTP foi duramente criticada pelo Governo angolano. Em resposta, o Executivo acusou igualmente a UNITA de estar envolvida em “negociatas” com o grupo separatista cabindense.
Mas será verdade que a UNITA está em contacto directo com a FLEC?
Sim. A confirmação foi dada ao Polígrafo África por Rafael Massanga Savimbi, secretário da UNITA para as Relações Exteriores e Comunidades.
Segundo o dirigente, não se trata ainda de uma mediação formal, embora essa possibilidade não esteja excluída. Esclareceu que o encontro tornado público através de uma conferência de imprensa realizada na quarta-feira, 30 de Abril, entre Jean Claude Nzita, porta-voz da FLEC, e Júlio Muehombo, representante da UNITA na Bélgica, foi promovido a pedido da FLEC.
De acordo com Massanga Savimbi, a reunião teve como objectivo permitir à FLEC expressar o seu apoio à iniciativa de diálogo proposta pela UNITA. Por seu lado, a UNITA reiterou o seu compromisso com uma solução negociada entre a FLEC e as autoridades angolanas, defendendo ainda a atribuição de um estatuto de autonomia a Cabinda, dentro dos limites da Constituição da República de Angola – à semelhança do que acontece com os arquipélagos dos Açores e da Madeira em Portugal.
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Avaliação do Polígrafo África: