“Em nenhuma das fases [dos protestos que tomou Moçambique] os manifestantes tomaram iniciativas de actos violentos, não há provas disto. Mas com recurso à tecnologia, hoje viralizaram vídeos que comprovam que quem assaltou e quem roubou os agentes económicos foi exactamente a polícia; há muitos vídeos que provam isso. Polícias a roubarem nas lojas da Shoprite, lojas de particulares e até em casas privadas”, referiu o candidato presidencial de Moçambique pela lista do partido Podemos, Venâncio Mondlane, numa entrevista que concedeu à CNN Portugal, no início desta semana.
Além de acusar a polícia de assaltos a bens privados, o candidato que reivindica a vitória no recente acto eleitoral denunciou a ocorrência de acções “excessivamente agressivas” por parte dos agentes políciais para com os jovens manifestantes, como o disparo de gás lacrimogéneo directamente ao seu corpo.
Mas será rigoroso afirmar que agentes da polícia destacados nas manifestações têm sido vistos a recolher bens alheios em lojas e em residências?
A resposta é positiva. Uma reportagem da estação televisiva portuguesa CMTV mostra diferentes operacionais da Polícia da República de Moçambique (PRM) a saquearem lojas e residências de particulares. Fardados e armados, os agentes são vistos a carregar à cabeça produtos que compõem a cesta básica.
A actual situação de caos em Moçambique resulta do facto de o candidato Venâncio Mondlane não se rever nos resultados oficiais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que declarou o candidato da Frelimo, Daniel Chapo, como o vencedor da eleição presidencial com mais de 70% dos votos, tendo Venâncio Mondlane alcançado 20,32% do escrutínio.
Insatisfeito, Mondlane convocou uma manifestação que tem sido organizada por fases. Nesta quarta-feira, 13 de Novembro, o protesto entra na sua terceira fase, que deverá durar três dias, de acordo com Venâncio Mondlane, que, de fora do país, falava para os moçambicanos através de uma live no Facebook.
Na fase que hoje se inicia, a intenção do candidato presidencial pelo partido Podemos é paralisar a economia, e pelo que tudo indica os objectivos estão gradualmente a ser alcançados, tendo em conta que mais de uma dezena de empresas optou por encerrar portas, pelo menos até haver registo de melhoria da situação, conforme fez saber a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
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Avaliação do Polígrafo África: