O primeiro jornal lusófono
de Fact-Checking

Verónica Macamo aconselhou a Frelimo a ceder o poder e reconhecer vitória de Mondlane?

Política
O que está em causa?
Com o anúncio dos resultados eleitorais definitivos em Moçambique, aumentaram as manobras de contra-informação. Desta vez, é à própria mandatária da Frelimo (e ministra dos Negócios Estrangeiros) que são imputadas acções surpreendentes.

Esta publicação foi colocada na manhã do dia 24 de Dezembro, poucas horas depois do Conselho Constitucional tornar oficiais e definitivos os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro, incluindo o da Presidência da República, com a vitória de Daniel Chapo (candidato da Frelimo).

Segundo a mesma, Verónica Macamo, uma das principais dirigentes da Frelimo (mandatária deste partido nas eleições), antiga presidente da Assembleia da República de Moçambique e actual ministra dos Negócios Estrangeiros (governo afecto à Frelimo) teria aconselhado o seu próprio partido a abdicar do poder, isto depois do organismo que é o último responsável pela regulação de todo o processo eleitoral e fixação dos resultados ter homologado a vitória da Frelimo e de Daniel Chapo.

“Turbo V8”, recorde-se, foi a designação escolhida pelo candidato Venâncio Mondlane (suportado pelo Podemos) para a fase de manifestações e outros protestos a ocorrer entre 16 de Dezembro e 15 de Janeiro.

Em Outubro, quando a Comissão Nacional de Eleições divulgou os resultados provisórios, a mandatária da Frelimo afirmou que estes reflectiam “a vontade do povo” e apelou para que não fossem realizadas manifestações.

Confirma-se a mudança de posição de Verónica Macamo?

De forma alguma. Não houve qualquer afirmação no sentido de reconhecer irregularidades eleitorais e de conceder da vitória de Mondlane. Bem pelo contrário. No próprio dia 23, logo após o anúncio dos resultados por parte da presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, estas foram as declarações da dirigente de Verónica Macamo:

Nós recebemos os resultados e ficámos satisfeitos com eles. (…) Toda a gente sabia que quem tinha ganho a eleição era o candidato Daniel Chapo (…). O que eu posso dizer, é que nós não devíamos ter tido os problemas que nós tivemos (…), como moçambicanos, devemos efetivamente esquecer, cada um de nós olhar para a frente e usar a lei para se defender e nunca destruir o nosso país.”

[Questionada sobre o conselho que daria a Venâncio Mondlane]: “Eu quero crer que ele, como moçambicano que é, sabe como é importante abstermo-nos de destruir, abstermo-nos de nos magoarmos, abstermo-nos de agredir, abstermo-nos efetivamente de destruir aquilo que são as conquistas dos moçambicanos – e nem são da Frelimo, são dos moçambicanos. Não dar como conselho, mas apelar para que efetivamente ele mobilize os seus apoiantes a aceitar os resultados e juntos trabalharmos para o bem dos moçambicanos. Não é preciso estar no poder para trabalhar em prol de Moçambique.”

É, por isso, falso que Verónica Macamo tenha proferido alguma declaração no sentido da Frelimo ceder o poder e reconhecer a vitória de Mondlane na eleição presidencial. Fez precisamente o contrário.

_________________________________

Avaliação do Polígrafo África:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Em destaque