Ouvimos todos os dias – e sobretudo na lusofonia africana nos últimos 15 anos – que um bom ambiente de negócios, que consiga atrair investimento privado nacional e internacional, demanda uma série de condições nas quais se deve trabalhar constantemente: um conjunto de lei e normas jurídicas claras e objectivas, um sistema judicial transparente e eficiente, um acervo de incentivos ao investimento, uma administração desburocratizada, entre outras. Tudo isto para que os actores económicos, nomeadamente os investidores, possam arbitrar informação e decidir o sentido e alcance dos seus investimentos.
Quanto maior for a qualidade, maior será a atractividade do ambiente de negócios. Ora, numa era digital, a qualidade da informação é certamente um dos “novos” e determinantes factores da qualidade do ambiente de negócio: o legislador precisa de informação fidedigna para criar leis; a juíza precisa de informação correcta e verdadeira para decidir casos; e uma administração só pode ser eficiente se operar num espaço público onde haja mecanismos de verificação de factos, ou seja, de verificação de informação. Sem informação de qualidade não há ambiente de negócio de qualidade. Em tempos de “deep fake news” não devemos dar de barato que temos acesso à informação de qualidade nem devemos subestimar os custos que tal acarreta.
Isto vem a propósito do lançamento do Polígrafo África. O Polígrafo, criado em 2018, é o primeiro jornal de fact-checking em Portugal e está presente em todos os formatos, incluindo TV, com o Polígrafo Sic. O Polígrafo chega agora a África lusófona como um agente de melhoria da qualidade da nossa democracia, promovendo a literacia mediática junto de jovens e jornalistas, nivelando por cima o discurso público e condicionando positivamente os temas sociais mais relevantes.
A possibilidade de verificar factos de forma independente por entidades licenciadas e qualificadas internacionalmente é um factor muito acrescido de qualidade e transparência do espaço público da lusofonia africana. Trata-se de inovação social que cada actor ou protagonista deverá socorrer-se e utilizar nas suas tarefas ou “core business”. Na perspectiva da qualidade do ambiente de negócios é uma boa notícia. Seja para “verdadeiro”, “falso” ou “pimenta na língua” o Polígrafo África promete ser um instrumento independente e transparente de promoção de qualidade da informação, o mesmo é dizer, do espaço público e ambiente de negócios.