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Moçambique a ferro e fogo: rebelião em prisão resulta em 33 mortos e na fuga de 1500 reclusos, num momento em que o caos tomou conta das ruas

Um motim na cadeia de segurança máxima de Maputo, em Moçambique, resultou na morte de 33 reclusos e fez 14 feridos. Na sequência dessa rebelião, mais de 1500 reclusos conseguiram fugir. As autoridades moçambicanas conseguiram, entretanto, recapturar 150.
Um cenário de caos, barricadas, destruição e saques marca hoje a cidade de Maputo, um dia depois da proclamação dos resultados das eleições gerais, mas no meio das mesmas avenidas, bloqueadas por manifestantes, também se cozinha arroz com repolho, Maputo, Moçambique, 24 de dezembro de 2024. LUÍSA NHANTUMBO/LUSA

“Esperamos nas próximas 48 horas uma subida vertiginosa de todo o tipo de criminalidade na cidade de Maputo.” A afirmação foi feita por Bernardino Rafael, comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), em conferência de imprensa, referindo-se aos mais de 1000 reclusos que fugiram de uma cadeia moçambicana, alguns “terroristas altamente perigosos”.

Aquele estabelecimento prisional, situado a pouco mais de 14 quilómetros do centro da capital moçambicana, alberga mais de três mil reclusos, entre os quais prisioneiros condenados e suspeitos de crimes graves, sobretudo, homicídios.

Este é apenas o mais recente episódio do caos que assola Moçambique, com tumultos nas ruas, com saques, vandalizações e barricadas, na sequência do anúncio dos resultados finais das eleições gerais. Pelo menos 56 pessoas morreram em dois dias de protestos contra a proclamação da vitória do partido no poder, a Frelimo. Há ainda notícia de 152 baleados. Os números foram divulgados pela plataforma DECIDE, uma organização não governamental que monitoriza os processos eleitorais moçambicanos. De acordo com o levantamento daquela ONG, 31 das vítimas mortais registaram-se na província de Sofala, centro do país, e nove em Nampula, no norte, além de seis em Maputo (cidade e província), no sul.

A DECIDE contabiliza ainda mais de uma centena de detenções, a maioria das quais em Maputo.Recorde-se que o Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

Antes, nas paralisações e manifestações de contestação convocadas por Venâncio Mondlane, aquela ONG já tinha contabilizado 120 mortos, desde 21 de outubro.

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