“Esperamos nas próximas 48 horas uma subida vertiginosa de todo o tipo de criminalidade na cidade de Maputo.” A afirmação foi feita por Bernardino Rafael, comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), em conferência de imprensa, referindo-se aos mais de 1000 reclusos que fugiram de uma cadeia moçambicana, alguns “terroristas altamente perigosos”.
Este é apenas o mais recente episódio do caos que assola Moçambique, com tumultos nas ruas, com saques, vandalizações e barricadas, na sequência do anúncio dos resultados finais das eleições gerais. Pelo menos 56 pessoas morreram em dois dias de protestos contra a proclamação da vitória do partido no poder, a Frelimo. Há ainda notícia de 152 baleados. Os números foram divulgados pela plataforma DECIDE, uma organização não governamental que monitoriza os processos eleitorais moçambicanos. De acordo com o levantamento daquela ONG, 31 das vítimas mortais registaram-se na província de Sofala, centro do país, e nove em Nampula, no norte, além de seis em Maputo (cidade e província), no sul.
Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Antes, nas paralisações e manifestações de contestação convocadas por Venâncio Mondlane, aquela ONG já tinha contabilizado 120 mortos, desde 21 de outubro.