Os dados do Global Cancer Observatory (Observatório Mundial do Cancro) mostram que, em 2022, foram detetados 662.301 novos casos de cancro do colo do útero em todo o mundo. No mesmo ano, 348.874 pessoas morreram com esta doença cuja principal causa é a infeção por subtipos do Vírus do Papiloma Humano (HPV) de alto risco (como os subtipos 16 e 18).
Estes números significam que o cancro do colo do útero é o 4º tipo de cancro mais comum nas mulheres – antecedido pelos cancros da mama (1º), pulmão (2º) e colorretal (3º) -, sendo também um dos mais mortais.
As estimativas da OMS publicadas no relatório sobre o “Vírus do Papiloma Humano e Doenças Relacionadas”, em Março de 2023, indicam que, em África, cerca de 117.300 mulheres são diagnosticadas, anualmente, com cancro do colo do útero e que cerca de 76.700 morrem da doença.
Segundo o mesmo relatório, a região do continente africano com maior número estimado de novos casos é a África Oriental (54.560 novos casos), seguida da Ocidental (27.806), da Central (15.646), da Austral (12.333) e da África do Norte (6.971).
Dentro da África Central, Angola é o terceiro país com maior número estimado de novos casos (3195).
No documento de apresentação do “Plano Nacional de Vacinação para a Prevenção do Cancro do Colo do Útero”, cedido ao Polígrafo África, o governo angolano dava conta de que, “em 2022, foram atendidos 285 casos de cancro de colo de útero no Instituto Angolano de Controlo de Cancro”.
Este número, sublinha o Executivo, “corresponde a 17% de todos os cancros atendidos e a segunda neoplasia com maior incidência no País”.
De acordo com o mesmo documento, “utilizando os parâmetros de incidência e letalidade média em África, estima-se que cerca de 2060 casos anuais de cancro do colo do útero deveriam ter sido diagnosticados em 2022, e, destes, assumindo uma taxa de letalidade geral de 65,4%, 1347 mulheres devem ter morrido por esta doença”.
Como fazer face a estes números?
Para a Organização Mundial da Saúde é claro: “a vacinação é a melhor forma de prevenir a infeção pelo HPV, o cancro do colo do útero e outros cancros relacionados com o HPV”.
Além disso, sublinha a OMS no seu site, os programas de rastreio também são importantes para detetar lesões pré-cancerosas “que podem ser tratadas antes de evoluírem para cancro”.
Nesse sentido, a organização defende que “as vacinas contra o HPV devem ser administradas a todas as raparigas com idades compreendidas entre os 9 e os 14 anos, antes de se tornarem sexualmente activas”.
Em Angola, arranca em novembro a “Campanha Nacional de Ataque contra o HPV” em que se pretende imunizar todas as meninas dos 9 aos 12 anos de idade, em todo o território nacional, com a vacina bivalente (que protege contra os vírus dos serotipos 16 e 18).
Numa primeira fase (novembro), a vacinação terá lugar nas escolas. O objetivo anunciado pelo governo angolano é “vacinar 95% ou mais das meninas dos 9 aos 12 anos matriculadas no sistema de ensino com duas doses da vacina bivalente contra o HPV, abrangendo um total de cerca de 1.582.783 meninas”.
Em maio, arranca a segunda fase, já fora dos estabelecimentos de ensino, nomeadamente em postos de vacinação de alto rendimento e em unidades sanitárias selecionadas.
Nesse caso, segundo o governo angolano, o objetivo é “vacinar 80% ou mais das raparigas de 9 a 12 anos de idade com duas doses da vacina bivalente contra o HPV, abrangendo um total de cerca de 375.938 meninas”.
A partir de 2025, “a vacina estará disponível no Calendário Nacional de Vacinação para vacinar” por rotina “somente as novas coortes de raparigas de 9 anos de idade”.
Pode saber mais sobre as causas, sintomas, consequências, prevenção e tratamento do HPV aqui.