Com a “Campanha Nacional de Ataque contra o HPV”, que arranca em novembro, o governo angolano pretende vacinar as meninas dos 9 aos 12 anos, em todo o território nacional, contra o Vírus do Papiloma Humano dos subtipos 16 e 18 (responsáveis pela maioria dos casos de cancro do colo do útero). Mas, afinal, o que é o HPV? E como se transmite este vírus?
O que é o HPV?
Vírus do Papiloma Humano (HPV) é o nome dado a um conjunto de mais de 200 vírus classificados como “de baixo risco” ou “de alto risco” consoante o tipo de consequências para a saúde a que estão associados, sendo as mais comuns relacionadas com a pele, a zona genital e a garganta.
Apesar de, tal como se explica no site da Organização Mundial de Saúde (OMS), a maioria destes vírus não causar problemas graves e de, “em 90% das pessoas, o corpo controlar a infeção por si próprio”, a infeção “com alguns tipos de HPV de alto risco é comum e pode causar verrugas genitais ou cancro”.
A OMS lembra que “a infeção persistente com tipos de HPV de alto risco” é a principal causa de cancro do colo do útero, sendo os subtipos 16 e 18 responsáveis por cerca de 70% dos casos.
Isso não significa que todas as pessoas infetadas com estes subtipos do HPV desenvolvem cancro do colo do útero, já que a infecção, por si só, não garante o desenvolvimento da doença. No entanto, a deteção e o tratamento precoce da infeção e das lesões pré-cancerosas são essenciais para evitar que estas evoluam para cancro.
O cancro do colo do útero é o tipo mais comum de cancro causado pelo HPV, contudo, a infeção por este vírus está associada também a “cancros menos comuns que afetam homens e mulheres, incluindo os cancros anal, vulvar, vaginal, da boca/garganta e do pénis”, assinala a OMS.
Como se transmite o HPV?
O HPV é um vírus transmitido, regra geral, pelo contacto “pele com pele” durante as relações sexuais, e as organizações ligadas à saúde adiantam que a maior parte das pessoas sexualmente ativas terão contacto com o vírus em algum momento das suas vidas, embora, por norma, não apresentem sintomas.
O uso de preservativo minimiza o risco de infeção, mas a OMS salienta que os preservativos não oferecem proteção total contra o HPV, porque “não cobrem toda a pele da zona genital”.
Importa também sublinhar que, tal como a especialista em Ginecologia e Obstetrícia Denise Matoso explicou ao Polígrafo África, para ser eficaz, o preservativo deve ser utilizado “durante todo o ato sexual” e não apenas durante a penetração, já que durante o “sexo oral e o sexo anal” também pode haver transmissão.
Num artigo explicativo publicado na página dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla inglesa), esclarece-se ainda que “uma pessoa com HPV pode transmitir a infeção a outra pessoa mesmo que não tenha sinais ou sintomas”, sendo que os sintomas podem surgir anos após o contacto inicial com o vírus.
O facto de a infeção ser, muitas vezes, assintomática contribui para um diagnóstico mais tardio e aumenta a probabilidade de um pior prognóstico, o que reforça a necessidade de apostar em medidas de prevenção, como a realização regular de exames preventivos (como o Papanicolau) e a vacinação das crianças, idealmente antes do início da vida sexual.
Pode saber mais sobre as causas, sintomas, consequências, prevenção e tratamento do HPV aqui.